Rita Carmen Braga Lima

O EDUCANDÁRIO CORONEL FELÍCIO (Histórias sobre a CER-3)

A mim só vem essa vontade enorme de escrever sobre fatos passados na minha criancice, juventude e início da maturidade, do início da vida de nossa cidade. Da qual nem sou filha, a não ser depois do título de cidadã conferido a mim pelo Vereador Fausto Peixoto Freire Giraldes, na administração do prefeito Eraldo da Silva. Nasci em outra cidade, jardinense sou somente de coração e alma.

 

Hoje é o dia de rememorar o “Educandário CER-3”.

 

Certamente já ouviram alguém dizer que a CER-3 foi a mãe de Jardim. Qual o motivo dessa afirmativa tão contundente!?!? Será mais uma história? Não!!! Esta é uma História! A verdadeira história do nascimento de nossa cidade. Para abordar o tema “nascimento de Jardim tem-se que falar desse órgão do Ministério dos Transportes, dirigido por militares e sediada em nossas terras. Por que o Educandário Coronel Felício? Porque essa escola funcionava como uma seção da comissão (CER-3).

 

Os primeiros habitantes, servidores civis e militares da Comissão, tinham seus filhos na Escola Mixta (grafia da época), que havia dentro do local onde hoje é a Vila dos Oficiais. Ali o Professor Antônio Pinto Pereira ex-policial que viera de Ponta Porã, capital do território de Ponta Porã ao qual pertencíamos. Depois dona Noêmia, esposa de militar. Muito depois, quando a Vila Passou a Distrito de Bela-Vista foi criado pelo governador Fernando Corrêa da Costa o Grupo Escolar Coronel Juvêncio.

 

O Educandário CER-3 foi fundado pelo então chefe dessa unidade militar Coronel Nélson Felício dos Santos, em 1958. O Coronel Felício como era conhecido resolveu que era hora de fundar uma escola dentro da Comissão. Porque a única escola na Vila Jardim era o Grupo Escolar Cel. Juvêncio que atendia aos filhos dos moradores e dos servidores civis e militares da comissão. O número de alunos do Grupo Escolar Coronel Juvêncio cresceu muito, porque a Vila Jardim também crescera e esta não comportava mais nenhum aluno.

 

Dessa maneira que o coronel Felício fundou o “Educandário CER-3”. Depois que o coronel Felício foi transferido o novo comandante resolveu homenagear o fundador da escola denominando-a Educandário General Nélson Felício dos Santos. Ao tomar conhecimento da homenagem o general pediu que a denominassem da forma como era conhecido aqui por ocasião do seu comando. Dessa forma o colégio passou a denominar-se Educandário Coronel Felício. Era uma escola particular, pertencente à CER-3.

 

Para que começasse a funcionar foi realizado um concurso entre os habitantes da Vila Jardim, que quisessem ou se julgassem habilitados. Não havia ninguém, na cidade, que tivesse algum tipo de estudo. Alguns tinham estudado fora até a sétima e oitava série do ginásio (como era comum daquela época), só! Eu tinha estudado até a sétima série e parei os estudos para casar. Várias jovens da cidade fizeram a prova de ingresso para professora. Algumas passaram. Eu passei! Isso ocorreu em 1958, na entrada do ano. Logo em março tomamos posse, pois, a escola estava criada e os alunos matriculados.

 

Os militares exigiam de nós muita coisa e nos saíamos bem em tudo. Não foi fácil! Aprendíamos com os alunos ano a ano. Várias professoras passaram por essa escola. No início, eu, a Ercy Flores, Enyr Flores (ambas irmãs do saudoso ex-prefeito Cidoca – Alcides Cavalheiro Flores), Marlene Barreto Maia, Ozi da Rosa (da família vinda de Boqueirão, irmã da dona Tati Cabral, tia do Polidoro da Rosa Cabral), Eva Machado (filha do fazendeiro Deoclides Barbosa), Corintha Pinheiro, da tradicional família Pinheiro, Telma Castro Alves, Beracy Brunet Barbosa (professora de artes e de corte e costura para todos os que quisessem, pais dos alunos), Gregória Mirta Belmonte, dona Rufina Caldas, Eva Lopes da Rosa, Zenir Silveira da Silva ,Wanda Baltuilhe.

 

Nos anos subsequentes vieram as primeiras normalistas (sucesso para Jardim, sucesso para a Escola). Era o máximo “Normalistas!”, dizia-se isso com orgulho jardinense, professoras formadas. Estas pessoas tão conhecidas até hoje na nossa cidade: Diuza Faustino Palhano, Dinoráh Faustino Benevides, Adelaide Prichodco Martins (esposa do Dr. Fortunato Barbosa Martins, dentista) de família tradicional na região “os Barbosas”. Houve um ano que tivemos dona Jane, professora que veio do Rio de Janeiro, como nossa orientadora. Foi algo espetacular. Ela nos ensinou a fazer o plano de aula, que livros seguir, como dar aulas, como preparar o material para cada aula. Fazíamos com muito carinho e vontade de aprender. Muito mais tarde soubemos que dona Jane escreveu vários livros didáticos e para-didáticos. É lamentável que eu não me lembre o nome completo dela. Darci e Deolinda Corbelino, ambas trinetas do Guia Lopes, cujo pai, nosso saudoso e querido amigo Sr. Ednardo Corbelino foi o primeiro prefeito de nossa cidade (nomeado pelo governador, enquanto se esperava o dia das eleições em todo o país), Ernestina Giansante Grubert, Vera Lúcia Gonçalves Mastroyannis, Geny Bettini Yarzon.

 

Mais tarde outras professoras também prestaram serviços como educadoras na nossa escola. Tivemos a Edorilde Vargas Peixoto, Edit da Rosa Medeiros, Maria de Lourdes DÁvila, Odila Coppio (mãe do Og Kube, lembram-se dele como repórter na TV morena? foi nosso aluno e era um garotinho). Ela era professora de Educação Física. De forma que, foi a nossa primeira professora formada em EF. Tivemos uma infinidade de professores e temo em deixar de citar alguns. Lira Haerter dos Santos, Iara Orrico Gonzaga, Nize Monteiro Pinheiro, Edméa Loureiro Caldas, Normândia Góis da Rocha, Marisa Castro Alves Sá (esposa do ex-prefeito Iber Gomes Sá), Iná Falcão, Izanir Insfran, Norma Maria Góis da Rocha, Rose Storchi, Lígia Ferrari Ferret, Ecilda Sá, Leuza Sá Escobar, Elídia Nogueira Escobar, Suely e Noélia Medeiros Rocha, Solene Pereira Rocha, Vitalina Brites Recaldes, Maria Benedita Peixoto, Cristina Florenciano da Silva, Wagner Brum Trindade, Nairza Alves, Neide Carvalho Lima, Maria Aparecida Lima, Diva Armoa de Deus, Adelíbio de Deus, Neide Nogueira Vaz, Nilma Lima Flores, Fidélia Ferreira Boeira, Eliana Cafure Peixoto, Rafaela de Souza Brum, Grimáldo Grella.

 

Quero recordar que para entrar para os quadros do corpo docente dessa escola, o (a)professor(a) tinha que ser bom. Ter um currículo muito bom para apresentar. Todos os anos a chefia trazia os mais modernos livros, utilizados pelas escolas mais famosas pelo desempenho dos seus alunos. É preciso que se diga que por alguns anos, utilizamos as apostilas do colégio Militar do Rio de Janeiro e nossas professoras se deram bem. O comandante que trouxe essa grande mudança e que causou muita expectativa foi o saudoso Coronel Ribeiro. Ninguém deixou de cumprir metas, ninguém teve dúvidas. Eram professoras capazes, com vontade de vencer, sagazes, partiam destemidas em busca do desconhecido, do novo, do desafio. Quando ninguém ainda tinha sequer ouvido a palavra “computadores” a professora Edorilde Vargas Peixoto deu aulas de informática, lá pelos idos dos anos 80. Ninguém sabia para que isso serviria!

 

Os diretores que passaram por essa escola: Petrônio Rebuá Alves Corrêa, Diuza Faustino Palhano, Adelaide Prichodco Martins, Darci Corbelino e eu. Aí a CER-3 foi extinta (1983) e a escola passou para o Estado de Mato Grosso do Sul (divisão: 112 de outubro de 1977).

 

NOTA – Em outras ocasiões devemos abordar mais profundamente a história da CER-3. Se for possível. Este foi um começar!