A CER-3
:.: Edição 13 de dezembro de 2020 :.:
A CER-3
A maioria do povo que habita a nossa cidade deve saber a origem dela. Crendo nisso, vamos fazer um resumo sobre a CER-3, começando pela chefia e suas divisões.
Apesar de a CER-3 ser conhecida como OM (organização Militar) ERA UM ÓRGÃO DO Ministério Dos Transportes (DNER). Tínhamos muitos civis nas chefias dos diversos setores, por exemplo, quando diretora fui chefe de seção. O Senhor Nélson Mendes Tavares (pai dos amigos Capitão Gilberto Queiroz Tavares, Gilvan, Gilma, Gilson) era chefe do almoxarifado, a seção de compras da Comissão. Seu Nélson ia ao Rio de janeiro, a São Paulo e a outras capitais brasileiras conforme a necessidade exigisse, fazer as compras de peças para caminhões, tratores e as mais diversas máquinas para abrir e construir estradas. Os servidores que faziam parte desse complexo atendiam aos pedidos das oficinas quando se precisasse trocar peças nas máquinas e caminhões.
Eu também viajava para comprar algo que a escola necessitasse. Fui a Curitiba em 1969 fazer cursos na Universidade Federal de Curitiba, os chamados cursos de verão. Fiz matemática moderna (e mais outros cursos de uma semana) e fiquei um mês naquela cidade linda. Estava em um hotel, pois, a CER-3 pagava todas as minhas despesas, mas, um amigo muito querido do meu marido (e meu também), o sargento enfermeiro Tyrso Del Corso, que servira na CER-3, ele e sua esposa dona Felícia levaram-me para sua casa.
Estive também na capital de São Paulo para fazer compras para a escola. Comigo foi a professora Edit da Rosa Medeiros, nossa mais experiente alfabetizadora. Compramos todo o material Montessoriano e a chefia mandou uma professora para fazer o curso. A escolhida foi a Ecilda Sá (minha querida amiga e ex-cunhada). Porque soubéramos que a professora Eliana Cafure Peixoto, proprietária de uma escola particular (Escola Maria Montessori) já fora e fizera o curso Montessori. Essa escola localizava-se onde hoje é o Centro Espírita, próxima à Primeira Igreja Batista de Jardim, em rua paralela à Avenida Duque de Caxias, a principal avenida de nossa cidade. Distando uns quinhentos metros da Prefeitura Municipal de Jardim. Pelo êxito alcançado por essa escola, a chefia da CER-3 enviou a professora Ecilda Sá para especializar-se e poder aplicar na escola o método Montessori da argentina Maria Montessori. Método que até hoje faz sucesso no mundo todo.
Também estive no Rio de Janeiro com o Sr. Nélson Mendes Tavares, cuja esposa – dona Verônica fez questão de hospedar-me em seu apartamento. Fomos fazer compras para a escola, um retroprojetor, novidade incrível para a época, suas lâmpadas de reserva e demais acompanhamentos. Comprei slides e muitas outras coisas que somente nós do Educandário tínhamos. Nos poucos dias que passei no Rio, o Gilvan (de saudosa memória), um dos filhos do sr. Nélson, levou-me para passear nos diversos pontos turísticos da cidade maravilhosa, que eu já conhecia, mas foi bom rever. Fui ao Maracanã com eles, vascaínos fanáticos ver um jogo entre Vasco e Internacional. Lembro-me que deu empate.
Quero deixar claro que devo escrever brevemente, sobre as demais repartições da CER-3. Sobre a chefia pode-se dizer o seguinte:
O chefe sempre era um coronel do exército brasileiro, bem como o subchefe e as chefias das demais repartições. Dos fiscais administrativos lembro-me do Capitão Pedro, Cel. Jair, do Cel. Manoel Gilberto Ferret, do Major Médico Dr. Moacir Lopes. O capitão Pedro esteve na chefia por um tempo, enquanto se aguardava a chegada de um novo chefe. Os citados foram com os quais mantive maior contato. Inclusive, o coronel Manoel Gilberto Ferret é filho de um capitão Arquimedes Ferret, que também servira na CER-3. De forma que, o Coronel Manoel Gilberto Ferret passara parte de sua juventude em férias, em Jardim. Foi nosso amigo particular, (meu e de meu esposo), antes de ser meu chefe, fiscal administrativo. A Escola passou a ser administrada por um supervisor, já que o fiscal administrativo não conseguia mais pelas tantas atividades que tinha sob seu comando. Os supervisores (que me lembro) foram o capitão Manoel da Costa Costeira, o capitão Manoel Gilberto Ferret e o capitão Francisco Maynard de Oliveira. Se tivemos outros, não me lembro. Talvez esses tenham marcado mais a minha vida como diretora da escola.
Foram vários comandantes aos quais chamávamos chefe.
- Tenente-Cel. Engenheiro Raimundo Teotônio de Morais Quadros – 1º de abril de 1945 a 10 de setembro de 1945;
- Major Alberto Rodrigues da Costa – 11 de setembro de 1945 a 9 de outubro de 1947;
3.Tenente -Cel. Flávio Duncan de Lima Rodrigues – 10 de outubro de 1947 a31 de dezembro de 1950;
4.Tenente –Cel. Engenheiro Nélson Felício dos Santos – 01 de novembro de 1950 a 30 de julho de 1958;
5.Tenente-Cel. Engenheiro Augusto Joaquim Stuck de Alencastro – 07 de novembro de 1958 a 09 de agosto de 1964;
- Cel. Átalo Duarte Sampaio – 25 de julho de 1966 a 13 de abril de 1967;
- Major de Infantaria Paulo Américo dos reis – 14 de abril de 1967 a 23 de fevereiro de de 1971;
- Major Engenheiro QEM Dalvo João Storchi – 19 de julho de 1971 a 15 de abril de 1974;
- Tenente-Cel. Engenheiro QEM José Vicente de Sanctis Pires – 9 de maio de 1974 a 29 de julho de 1976;
- Tenente- Cel. QEM Jaime Ribeiro – 30 de julho de 1976 a 08 de maio de 1979;
- Tenente-Cel. QEM Francisco de Assis Carvalho Santos – 04 de setembro de 1979 a 27de janeiro de 1983;
- Tenente-Cel. QEM Marcelo José Crivelli – 27 de janeiro de 1983 a 31 de dezembro de 1983.
– Obs. Esta relação foi-me conseguida devido à boa vontade, interesse histórico e amor ao exército brasileiro do sargento Evandro Dias da Silva, um dos atuais organizadores do Museu da CER-3 e do Museu da Retirada da Laguna, inaugurado no ano de 2020.
Eu tive a honra e o privilégio de ter conhecido todos e contatado com quase todos. A partir do General Nélson Felício dos Santos (1958, com a fundação da escola) passei a conhecer e manter contatos com todos. Inclusive tendo amizade com suas famílias. Aos anteriores a esses chefes poderiam se lembrar de mim (caso estivessem vivos ou enquanto foram vivos) como a filha do Cirilo Braga. Mesmo durante o concurso pelo qual entrei para os quadros dos primeiros professores do Educandário era chamada a “filha do Cirilo Braga”. Meu pai tinha um alto conceito entre os chefes e os fiscais porque era conhecido como “durão”. Era subordinado direto dos fiscais e sempre (a cada ano) recebia elogios na sua folha de serviços.
Com o Coronel Nélson Felício dos Santos e sua esposa, a saudosa dona Ruth Felício dos Santos aprendi, pequena ainda, a ler a Bíblia, o que eram e quais eram os mandamentos da Lei de Deus, fiz a catequese da primeira comunhão na igreja de Santo Antônio, que era a única, por isso é a Matriz. Tenho até hoje peças do presente de casamento que ganhei do casal, dona Ruth e Coronel Felício. Dona Ruth nos levava para piqueniques, à beira do Rio Miranda, que era livre, sem cercas e toda a população podia entrar e fazer seus domingos mais alegres. O coronel Felício fundou a Liga Católica e os Vicentinos que no momento atual não pertence mais à igreja de Santo Antônio, o que não faz nenhuma diferença. O importante é que exista e faça o bem aos irmãos. Dona Ruth fundou o Apostolado do Sagrado Coração de Jesus. Ela foi a primeira catequista de nossa cidade. O coronel Felício fazia lindas festas de natal. Com as famosas e queridas cestas de Natal. Dentro vinha champanha, panetones (que era chamado de pão de Natal), doces, castanhas, brinquedos para as crianças, etc.
O coronel Paulo Américo dos Reis vai ter apenas uma pequena nominação aqui porque teremos um capítulo à parte sobre ele, quando for a vez de abordarmos o futebol jardinense e suas glórias. Foi um dos chefes que veio para engrandecer o nome do exército brasileiro realizando um belo trabalho com chefe dessa unidade. Foi uma pessoa maravilhosa como chefe a CER-3. Deu todo o apoio logístico à escola e à Comissão, deu além disso, do que estava escrito por seus chefes. Deu lazer, alegria e ensinou ao povo a torcer pelos times do Rio de Janeiro.
O coronel Jaime Ribeiro ficou conhecido como um dos mais durões que aqui estiveram. Ele com essa fama e tudo deixou marcada a sua passagem pela CER-3 organizando as melhores Olimpíadas da cidade. O Educandário ganhava todas as medalhas possíveis: o atletismo, voleibol, basquetebol, futsal. O segredo para tanto sucesso é que ele colocava um servidor para auxiliar o professor de Educação Física, que era um para a escola toda. O Lourival de Campos treinava o futsal, o Elmar, o Silvério entre outros o auxiliavam. O professor Wagner Brum Trindade era o titular do voleibol masculino e feminino. O atletismo tinha muitos treinadores para salto em distância, para corrida de 50 m, de 100m, de 200m, de revezamento, Silvério Chamorro, era um dos quais me recordo. O atleta da Escola que mais se destacou no atletismo foi o Ronaldo Aguirre Dias. Ganhava todas as corridas. O time de voleibol feminino era imbatível, bem como o masculino. O Coronel Jaime Ribeiro foi um chefe maravilhoso. Eu me dava muito com ele e gostava do que ele fazia pela CER-3 e pela escola. Lembro com muitas saudades desse homem conhecido como durão, mas, que na verdade tinha um grande coração. Foi o único a me dar um elogio em folha que foi endereçada ao DNER, pelo qual recebi promoção como servidora federal. A última vez que o vi foi quando veio a uma das festas organizadas pela Quarta Cia. Ao comandante da época deu-me novamente um grande elogio. Disse:” qualquer coisa que quiser saber, fale com a professora Rita, ela sabe tudo.” Nossa! Foi muito bom e lindo receber desse grande chefe e pessoa esse elogio, pois, para outros ele ainda tinha o nome de durão. Era pessoa bondosa e de grande coração.
Obs. – Neste texto acercarmo-nos ainda do Educandário Cel. Felício, em sua maior parte, por motivos óbvios. Em próximos quadros da coluna “Memórias” escreverei mais sobre a CER-3, que não seja o Educandário Cel. Felício. Quem quiser participar de alguma forma, pode me enviar dados que respeitarei o nome do participante. O e-mail está no quadro da coluna.