Com festas liberadas, nem rezando noivos acham data para casar em 2021
O que não falta é noiva diante de um calendário tentando “casar” as datas de fornecedores com local para realizar o casamento. Algumas sabem até quantos sábados o ano tem: 52. Com o retorno dos eventos dentro de critérios estabelecidos em decreto, como a limitação de convidados, serviço de buffet e sem pista de dança, o desafio agora é conseguir realizar todos os casamentos que foram remarcados, além dos que já estavam planejados para 2021.
“Tem noiva oferecendo de comprar a data de outra noiva em salão de festa”, brinca o cerimonialista Antônio Osmânico. Desde a saída do decreto que libera as festas, ele tem visto um “mar de noivas” caçando datas.
“Além das que transferiram, ainda tem o fluxo normal das que se casariam em 2021. Eu, por exemplo, não tenho mais agenda em abril para casamento e muitos fotógrafos e fornecedores também estão ficando sem data. Os noivos estão indo para 2022 ou procurando sextas e até quintas-feiras para a festa”, explica o cerimonialista.
Nem rezando – Não adianta rezar nem apelar para Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Em uma das igrejas preferidas de Campo Grande, não tem mais sábado à noite disponível para casamentos em todo 2021. “Olha, está bem difícil, por causa da pandemia, as noivas foram trocando e não é só a questão da igreja, tem buffet, salão, é uma cadeia de consequência, mas 2021 está tudo lotado”, garante o padre Reginaldo Padilha.
O santuário oferece horários alternativos, que sempre existiram, mas não eram tão cobiçados ainda. “Para sábado 10h da manhã e algumas sextas à noite, ainda temos”, avisa o padre. “Estamos tomando cuidado de colocar horários alternativos para todo mundo ter a oportunidade, mas tenho ficado feliz de ver os noivos bem conscientes, com uma co-responsabilidade, gostei dessa atitude”, comenta.
A agenda de 2022 só abre em março do ano que vem e deve, nas palavras do padre, provocar uma fila quilométrica, inclusive de noiva dormindo na porta da igreja. “É bem possível, porque nosso santuário tem uma beleza, além de ser uma das igrejas preferidas do campo-grandense, também é um ponto turístico”, contextualiza o padre.
Dona de três buffets na Capital, Fernanda Salgueiro Zandavalli, fala que remanejar já virou hábito entre noivos e fornecedores. “O problema não é nosso e também não é dos noivos, a gente teve que se ajustar em ambas as partes”, conta.
“Quem vinha se programando para o ano que vem, continuou fechando 2021, mas tivemos de remarcar toda a agenda de março a dezembro, então é um processo de sentar junto com cerimonial e encaixar o que conseguimos”, resume.
E são os meses “deixados de lado” muitas vezes pelos noivos, como junho e julho que vão atender a demanda.
“As datas mais disputadas estavam todas preenchidas com antecedência, os que têm são os meses de junho e julho, que são mais tranquilos”, observa a cerimonialista Karla Lyara. O quebra-cabeça de encaixar os fornecedores começa, segundo explica Karla, pela igreja e buffet. “Tem muitas noivas que querem aquele local e não tem mais a data, então a noiva tem que ser flexível com o dia e nós como assessores, apresentamos opções de locais que tenham o estilo e a proposta que os noivos querem”, explica.
A agenda dela, por exemplo, já está quase fechada nos finais de semana. “Como atendemos com exclusividade e remarquei vários casamentos, cheguei a atender algumas noivas na semana passada, mas a data que elas queriam, eu já tinha preenchido”.
Na visão da cerimonialista, o mercado como um todo vai sair no prejuízo. “Porque não tem como atender a demanda de 2021, mais os adiamentos que eram de 2020. Uma loja de noivas, por exemplo, consegue comprar tantas confecções de vestido, mas um DJ por exemplo, é só um evento”, comenta.
De noiva à esposa, a advogada Jacqueline Nahas, de 30 anos, estava planejando o casamento na praia de Trancoso, na Bahia. Ela e o então noivo Rodrigo chegaram a viajar e contratar cerimonial no local antes da pandemia.
A previsão era que o “sim” acontecesse na praia no dia 24 de abril do ano que vem, aproveitando o feriado de Tiradentes para que os convidados aproveitassem a festa e também a viagem. “Quando eu fui fechar o local, veio a pandemia. Resolvemos esperar um pouquinho e só foi piorando. Não fechamos nada, porque não tinha como saber”, conta.
O casamento acabou ficando em stand-by e enquanto estava em home office, Jacqueline e Rodrigo passaram a morar juntos e a ficar isolados, já que ele é médico. Foram dois meses sem visitar a família, depois do período mais crítico do coronavírus, a advogada não via mais sentido em voltar para a casa dos pais e os dois resolveram casar no civil. A festa, foi um pequeno jantar em família.
“Na semana passada, até fomos para Trancoso ver degustação do buffet, mas estamos inseguros ainda. Estou com medo de fechar uma data e não dar certo, são várias coisas que envolvem, se deslocar e ir até lá”, explica.
A data inicial, de abril, ela não tem mais. “Essa data já foi eliminada, estamos total em stand-by e também como fazer uma festa sem pista de dança, sabe? Estamos com muito medo ainda”.
*Campo Grande News